sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Zona de Conforto


Eu estaquei na Zona de Conforto. Numa falsa sensação de que estava tudo bem, que conseguia erguer meu braço o mais longe possível e poder alcançar tudo o que eu queria. Eu estava errada e fui preciso apenas uma palavra para desencadear uma discussão tão boba e grande que eu me tranquei no meu canto, nessa maldita zona de conforto e então pude perceber que eu estava errada.

Perdi-me daquela garota que aquele garoto falava naquela discussão... Aquele que sabia exatamente o que queria, que ia atrás, buscava e carregava pra sua casa o prêmio da vitória. A minha unica salvação é que ela não morreu totalmente, ainda há algo dela ali na escolha rápida de um sapato ou no que comer, mas ela se perdeu quando o assunto era o coração.

Conectou-se em algo, pôs suas expectativas e acordou sabendo que não era bem o que procurava. Deu um pontapé na escolha certa para o momento e depois mandou sms perguntando quando ela voltava. Maldita ironia do destino de deixar tudo tão confuso logo depois que parecia tão certo.

Encolho-me por baixo das cobertas enquanto espero uma resposta. Não vou fazer um sorteio do meu coração ou da minha vida, talvez seja culpa minha se não sei realmente organizar minha agenda e acabo perdendo algumas coisas. Sabe aquela Jam que não fui? Pois é, eles tocaram Daft Punk nela e eu perdi. Não vi meu sorriso tímido durante a baforada de um cigarro, não tive a oportunidade de roubar aquela maldita toca peruana que eu quero ou de virar realmente amiga do guri da blusa branca. Na hora isso não me incomodou, mas depois veio o incomodo...

PORRAN GURIA!  Levanta dessa zona de conforto. Suas aulas de francês são tão divertidas na teoria, e na hora de estudar é sempre tempo para qualquer outra coisa, né? Parabéns pra você! Ouvi a voz mais calma do mundo gritando comigo sobre isso e outras coisas que me encolhi mais ainda.

É, eu não fui feita para brigar. Eu lembrei de outra conversa numa tarde que acabou gerando um texto que ainda não tive coragem de postar. Suspiro e olho para a parede onde tudo está uma bagunça com ursos de pelúcia espalhados, duas almofadas de pessoas diferentes, poster de amores antigos mas não esquecidos.

Onde estou nessa parede de azul desbotado? Onde está aquela tarde de chuva onde eu nunca ri tanto por falar mala da garota de sobrenome Swan? Porque nunca ganhei as fotos do dia na lareira daquele período de doce namoro? Deixei-me esquecer de alguma coisas, deixei que a preguiça me dominasse e o amanhã eu faço virou meses, até que as fotos agora adonam uma parede bucólica bem longe de mim e a reforma da parede estacou no tempo. Sorrio pensando em como nunca reparei que a maior característica da Zona de Conforto é a anestesia.

Não sinto nada, nem animo, nem desanimo, vivo nessa eterna preguiça de viver meus dias, o que torna tudo tão irônico. Quer um exemplo pratico? Eu devo parar de esperar algumas coisas, um exemplo mais que perfeito foi o segundo sábado do Templo Budista. Estava com dor de cabeça, desanimada, mas havia prometido que ia. Não garantia diversão pra nada, e aconteceu tudo do contrário. Tive o melhor templo da primeira quinzena do mês onde conheci duas pessoas e até o guri que sempre aparecia na minha timeline e eu não sabia quem era.

Eu parei em alguns momentos de esperar algo, e deixei que a vida me levasse onde ela queria. Segui o mesmo caminho ou dei dois passos para a lateral, não saberei dizer. E sabe o que eu ganhei? Bem, eu achei um dos meus amores platônicos por ai, ganhei um puta abraço e um mega elogio, fiz amizade de verdade com aquele garoto estupidamente bonito que eu nunca pensei que eu teria coragem de dizer oi eque agora senta do meu lado e divide doce comigo perguntando como foi o meu dia. Eu esqueci dessa beleza.

Esqueci dessa beleza porque deixei-me criar raízes na Zona do Conforto onde um talvez, cancelamos o cinema ou está chovendo lá fora só me fazia ficar presa nela. Esqueci que estudar Francês pode ser muito divertido e só me recordo disso quando estou nas aulas. Esqueci que há tanta beleza em coisas minimas e que um pequeno detalhe faz toda a diferença. Putz! Tá na hora de literalmente fazer a cama e esperar dar 18h não pra ir pra casa descansar, mas pra arrumar aquele bendito guarda-roupa e poder finalmente comprar um sapato novo.

Saio debaixo da coberta, estico as pernas e vou em busca do sol. Se eu demorar a comentar algo nesse post não se espante, estou pegando sol lá fora ou dançando Matsuri com os amigos, ou seja, sai da Zona de Conforto e já me sinto preparada pra encarar as consequências que virão...

PS: texto dedicado ao meu amigo Henrique. Se ajuda alguma coisa, aparece na minha casa na segunda? Já terei resolvido o nosso dilema...

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