sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Despedida




Vamos nos separar. A frase saiu solta, leve, quase voando pela janela aberta. Lá fora não ventava.

Sua cabeça fez um gesto forçado de afirmativa, nos levantamos e pegamos o que era de cada um.

No começo foi fácil. Você não usaria minhas calçinhas, embora eu pudesse usar sua samba canção.

Roupa minha. Roupa sua. Roupa nossa. Roupa Nova.

Levei o pop comigo, você levaria o rock. O blues triste nos acompanharia.

Colheres. Pratos. Panelas. Nossa doce brincadeira de casinha. Tudo ficou ali.

Depois veio a complicação: isso seria meu? Seria seu? Embora soubéssemos que seria nosso.

Os quadros foram divididos, assim como os mimos e os enfeites. A cortina cor de creme ficou comigo, você carregou o sofá pequeno. A tinta da parede descascada ficaria lá. Uma reforma e a casa estaria nova. Isso não aconteceria  conosco.

A casa agora vazia parecia cinza e triste.

Nos abraçamos numa vontade louca de não nos separarmos. Não fazemos nada para ficarmos.

Clic. A porta está trancada.

Você vai para a esquerda, eu vou para a direita. Alguns passos e nos olhamos novamente. Você volta e minha cintura está em seus braços. Minha língua, sua língua, nosso beijo.
Isso sempre seria nosso...

Anos depois eu paro em frente ao que era nossa casa, nosso cantinho de amor.

Éramos tão jovens e tão corretos.

Perdi-me em você. Você se encontrou em mim..

Olho pela janela e consigo imaginar sua mão me agarrando, me jogando no sofá, você me olharia e embora nunca falasse eu sabia que você me amava.

Eu te amo, admito.

Pego o caminho da direita, vou a sua procura.

Quero voltar, eu vou dizer. Embora ainda não saiba sua resposta...


Texto escrito originalmente em: 06 de outubro de 2011, quinta-feira. 16:03h

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Restos e querer

E o que me resta? -pergunta minha amiga, antes de responder, percebo que nossa resposta será a mesma.
Me resta o querer...


Me resta o querer

de que muita coisa volte a ser como antes
e sei que isso não é possivel
não quero me prender ao imutavel
isso seria pedir demais....
Apenas desejo sentir mais uma vez aquelas sensações de antes
e poder dar adeus
sem me machucar...

Meu uso do coração



E quantos corações são catalogados hoje em dia no esquecimento?
E quantos corações são abandonados quebrados, machucados e feridos.
Alguns são colocados na prateleira, esquecidos ou apenas com receio de serem usados porque sabemos que vai acabar machucados.
O meu guardo ora na prateleira ora eu uso.
Alguns usam com cuidado e ele bate forte e retribui com um sorriso tímido e um olhar apaixonado.
Outros usam meu coração como tapete, e é graças a eles que rezo para que não vire um coração amargo.

Em resposta à O estudo da Matéria dos Corações: um comunicado.

As palavras que dizemos e as palavras que queríamos dizer




“Eu sempre digo menos do que penso ou sinto.”
(do original de uma conversa com o Matheus)

Para onde vai tudo que você não diz? Onde isso se esconde?

O não dito se acumula em nós, em gritos mudos que nos matam e que nunca sabemos como libertar já que perdemos a primeira oportunidade.
O que não dizemos se transforma em dívida conosco, em duvida dos nossos motivos e certezas.
Nos enlouquece pouco a pouco... Tirando nossa sanidade, nossos argumentos e razões de acreditar que valia a pena ter dito.

O que não dizemos se transforma em trauma, como se nos acusasse de covardes.
Vira veneno que nos próprios criamos e bebemos cada dia um pouco, e que vai nos matar um dia.

O que eu não disse naquele momento vai me machucar a cada dia. Porque as coisas poderiam ser diferentes agora. Eu poderia não me sentir culpada, menosprezada, largada de mão, esquecida e acima de tudo, não sentiria esse aperto no coração, que chamo de angustia.

Eu sempre vou tentar falar tudo que eu quero dizer e tudo que estou sentindo, e me dói perceber que você não vai ouvir ou prestar atenção, porque era pra você.

Agora eu queria dizer que senti tanta coisa, e que ainda sinto.
Sinto sua falta. Não gosto quando você não presta atenção em mim. Sinto falta do seu sorriso quando me via. Sinto falta de dormir no seu ombro. Quero você aqui do meu lado quando preciso apenas de você. Não gostei quando você me chamou de mentirosa ou apenas disse que estava enganada, tudo claro nas entrelinhas.

Às vezes eu odeio entrelinhas, e tudo por sua causa.

Mas por razões em que ambos se envolveram, talvez nunca diga isso pra você pessoalmente.
Então vai continuar nessa historia de dito-pelo-não-dito, e você nunca vai saber sobre:
“as cartas que não mando, as palavras que não digo, os sentimentos que não expresso, e a angustia que sinto sozinha.”

E caso você não perceba, isso está me matando. E um pouco desse veneno vem de você...


Ao som de I Still...

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Pausa para o café



Eu não sou viciada em café, eu digo. Você sorri como se eu tivesse falado a besteira mais fofa do mundo.

Eu sorrio em troca, e minha barriga reclama de tanta cafeína em meu corpo.

Na verdade eu nem bebia café. Agora eu bebo café, e não tomo mais refrigerante. Ou evito o máximo que posso. Você não entende nada...

De qualquer forma, naquele momento eu desejei que você me convidasse para tomar um café.
- Uma pausa para o café? – você diria.
E, embora eu soubesse que você bebe apenas dois dedos de café no café da manhã, eu iria aceitar o convite...

Aliás, porque não aceitar?

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

500 Days of Summer



Não acho a Summer uma bitch. E sim, pode me jogar pedra.

Eu assisti o filme ontem na casa do meu amigo Thiago e não acho que ela seja uma bitch.
Desde o começo ela deixou claro que não queria um relacionamento sério, e embora isso o magoasse, Tom aceitou.
Ele fez isso por amor a ela, embora ela não pedisse nada disso.

Ela não ajudou em nada, quando dizia que não queria nada com ele e segurava sua mão ou fazia coisas pequenas para que o fizesse se sentir amado.
Os dois erraram.

Ela fazendo ele criar ilusões sobre eles. E ele não vendo os detalhes que informava que estava acabando.
Quando se está amando, não se vê muita coisa.

Sentado naquele bar com uma ruiva conversando ela pergunta:
- Ela não disse que NÃO queria um relacionamento sério?
Tom responde que sim. E acontece um estalo.
Nesse momento eu pensei que ele entenderia que estava amando mais do que ela, e esperando coisas que ela não prometeu que daria a ele.
 E ele acaba num karaokê cantando o seu amor pela Summer
.
A incrível Rachel faz com que Tom abra os olhos e pede que ele lembre dos sinais que estava acabando. Começa ai o despertar de Tom.

Naquele banco, quando eles se encontram, ele joga na cara dela falando que ela estava certa. Que o amor não existe.

O que você faria se uma pessoa que fala que não existe o amor durante todo um relacionamento se encontra casada e amando? Eu estaria despedaçada. Assim como o Tom.

Mas no fim de tudo, a Summer fala de coincidências e diz que essas coisas existem. E no fim, Tom fica mais confuso.

No 500° Day of Summer, Tom encontra uma nova visão sobre sua vida: acreditar em coincidências e tudo mais. E acaba conhecendo uma garota, a Autunm.

Outono e Verão. Duas estações e duas pessoas diferentes. E quem sabe agora o Tom tenha seus dias de Outono que o façam bem de verdade.

Porque se ele não tivesse conhecido a Summer, não teria aprendido tanta coisa. E não poderia viver sua nova vida com uma palavra nova no seu vocabulário: coincidência.

PS: eu sou o Tom. Mas também posso ser a Summer...

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

The history of Us


“ Now I'm standing alone in a crowded room
And we're not speaking
And I'm dying to know is it killing you like its killing me..”


Capítulo 1

Te vi, não demos importância um ao outro.
Amigos? Pode-se dizer que sim.
...
Sinto sua falta e anseio te ver em breve.

Próximo Capítulo

Atração por você? Como isso aconteceu?
...
Um beijo?! Ops...
...
Não estou paranóica.
...
Eu gostava mais quando você estava do meu lado. O que preciso fazer pra te ter aqui de volta?
...
Tantas coisas que eu queria que você soubesse...
...
Vou fazer que nem essa canção, e dar de ombros. Vai doer menos...

The end?!

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Pseudo-abraço e adeus ao aperto...


Hoje eu te vi. Eu esperava alguma coisa, mas não isso...
Eu parecia tão falante, você tão calado. Eu tão disposta a alguma coisa e você tão apressado. Eu parecia mais e você menos.

Um abraço eu peço. E ganho um pseudo-abraço.
Não me satisfez aquele pseudo-abraço. Como nunca vai me satisfazer um pseudo-abraço seu, não quando eu já conheci um abraço de verdade.

Você vai pro seu lado, e eu pro meu. Numa brincadeira infame da vida de cada um seguir seu destino.

Porém o quem mais me importou no meio dessa semi-conversa e pseudo-abraço foi que eu não me incomodei como antes, e então pude dizer adeus ao aperto no coração.

Nos lábios um sorriso, e nos ouvidos uma esperança: a gente se vê. E no coração a certeza que estarei bem melhor quando te ver, e o que acontecer... Bem, vou esperar acontecer.


segunda-feira, 29 de agosto de 2011

A amarga sensação de ilusão



Jamais é apenas um beijo.
E a gente se pergunta o porquê da gente ser assim.
(do original de Thais)

Eu estou aqui escrevendo esse texto pra por pra fora o que eu senti naquele momento. Uma sensação que me dominou por completo e eu nem soube o que dizer ou o que fazer.

Não vou dizer que eu pensava na gente, como um nós ou qualquer coisa do tipo. Mas a sensação de ilusão de um ‘repeat’ me acompanhou desde aquele sonho bobo.

E então, do nada, eu estava sentada observando a cena que me incomodou por tanto tempo. Eu poderia ter pegado minhas coisas, sair dali e não ver, como eu faço quando vejo uma coisa que vejo me incomoda. Ma seu fiquei sentada, me torturando sem nem saber por quê.

Cada detalhe, cada expressão facial, cada suspiro e cada possível sorriso. Eu revivi um flashback de coisas vividas nas duas ultimas horas e percebi que você estava distante naquele momento e que isso me fazia falta.
E percebendo a outra cena, eu percebi que sua ausência mesmo que mínima me doía. Não senti ciúmes da cena que vi.

Senti saudades da sua companhia do meu lado e do sorriso hesitante de um começo de amizade, e da conversa sempre do nada e que me fazia bem.
Eu estava desejando uma ilusão naquele momento. E saber que ela não seria realizável naquele momento me machucou.

Deixou-me com uma amarga sensação de ilusão na boca que me incomodou até a manhã do dia seguinte...
Por mais doce que tenha sido o resto do dia, aquele gosto não saiu da minha boca por um tempinho. Hoje ele não me incomoda mais, já que foi substituído por um leve aperto no coração. No fundo, o amargo e o aperto me machucam, e você nem tem culpa por isso...

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Passos



Numa conversa sofre definições, eu tive que acabar me definindo.
Eu sempre digo que estou a meio passo de ir embora, mas não me entenda mal, isso não quer dizer que eu não queira ficar. Confuso? Eu explico.

Eu estou sempre a meio passo de ir embora, porque eu quero conhecer o mundo, ver pessoas, visitar lugares e ter novas sensações e historias pra contar. Mas eu sempre estou com um passo aqui porque eu seu que também posso ter sensações boas por aqui.

Não gosto que me obriguem a ficar num lugar, e gostaria que as pessoas entendessem isso.
Se eu fiquei, foi porque eu quis, por que escolhi.

Escolhia fazer nada ao seu lado, ou fazer tudo. Escolhi ser feliz aqui e nesse momento. Eu quero e desejo que você der valor a essa escolha mínima de optar por ficar ao seu lado. Porque pra mim, essa escolha foi importante.

E nessa historia de definir, eu percebi que eu sempre estou caminhando pra algum lugar. Pode ser passos para perto de você, ou para longe. Mas isso é uma escolha que ficaria melhor se fizéssemos juntos...

Sonho bobo




Essa noite eu tive um sonho: simples e até bobo. Você estava do meu lado, olhando pro nada e com os pensamentos em qualquer lugar. Menos em mim. Eu olhava pra você e me encantava, e nem sabia por quê.


Queria deitar no seu peito, arranhar sua pele da barriga, passar a mão pela lateral do seu corpo e sentir sua mão nas minhas costas.

Eu conseguia imaginar cada sensação que teria ao sentir cada toque, e mesmo assim, não fiz nada para ter essas sensações concretizadas.

Você olhou pra mim e sorriu. E me senti tão completa por um sorriso tão simples, que me senti boba.

Acordei e continuei na cama. Num doce devaneio de que poderia estar em seus braços sonhando acordada. E no rosto aquele sorriso bobo que em dizia que eu te veria em breve, e que sabia que esse meu sonho não se realizaria. Mas que mesmo assim, o seu sorriso real poderia me fazer sentir todas aquelas sensações do sonho, embora nos dois saibamos que elas nunca irão acontecer...