domingo, 22 de março de 2015

A passividade um dia vão me matar



Nunca disse que não sentia saudades de alguém quando não fosse verdadeiro. E percebi de repente que quando a pessoa não diz que não sentiu saudades, ela também está sendo sincera. Não sentiu saudades. E como aquele boom de cores que formaram o universo, as coisas se encaixaram.
Percebi que não tenho da morte, pois não tenho consciência total sobre seus atos e suas consequências, percebi agora que o que me mata pouco a pouco, me sufuca e me faz chorar sem vergonha é a passividade. O não viver, o não se entregar e o não sentir. Ser sufocada por um amor que não vivi, mas que podia ter sido. Juntando todos “e se” que me fazem questionar a minha sanidade, a minha lealdade comigo mesma e o meu modo de viver. Nunca vivi uma meia festa ou um meio romance. Poderia ser apenas 30% de dedicação a algumas dessas minhas vidas paralelas, mas todos as porcentagens repartidas viviam 100% de loucura, amor e carinho.
Custava dizer adeus, claro que custava. Custava tanto que até agora não disse. Mas não foi você que não disse, fui eu. Fiquei 100% receosa de te deixar partir, de correr atrás de qualquer sonho que você não tenha me contado enquanto eu apenas esperava por um sorriso seu. E o sorriso chegou, mas me deixou tão destruída e quebrada que eu precisei me sentar no chão e juntar os pedaços do meu coração. Por favor, eu queria gritar, não sorria, não sorria. POR FAVOR NÃO SORRIA. Eu não consigo seguir em frente se você sorrir.
Eu não conseguia esquece sua risada boba e escassa, eu não conseguia esquecer seu leve beicinho quando descobria a possibilidade de tocar a pele da minha cintura só porque a sensação me agradava, e eu ainda consigo lembrar em poucos dias do seu tom de voz. Hoje, ele está perdido nas minhas memórias que eu fiz questão de enterrar bem fundo devido a quantidade de lágrimas que eu derramei pensando em você. Nunca chorei tanto por alguém.
A despedida? Me dilacerou completamente por dias, e horas, e minutos e lembranças. E eu só queria lembrar o que eu senti no ultimo abraço, mas nem isso eu não consigo mais. Eu queria lembrar tanta coisa, mas você as apagou com tanta facilidade como se fosse uma anotação num post it e que agora ela não serve mais. Não apague nunca, jamais meus post its, eles são minhas lembranças, minha vida e você mais uma vez me apagou dela.
Queria que você soubesse que toda vez que eu quase te ligo, quase te mando uma mensagem, ou quase grito seu nome eu estou unindo todas as minhas forças para não fazer isso. E doeu tanto no começo que eu tinha pesadelos sobre isso, e agora ficou aquele vazio do meu coração preenchido pela sua passividade, todos os seus eus ao meu lado estão distorcidos e em cores cinzas, dias nublados que me causam depressão e me impedem de sair de casa e viver minha vida.
Viver uma vida passiva, irá me matar um dia, mas por enquanto eu sofro, digo que ao menos nisso você me ajudou a viver. Completamente inundada em dor, tristeza, lágrimas e leve desespero, percebendo mais uma vez o quanto meu coração podia bater e quanto meu pulmão conseguia suportar de ár. Porque não foram poucas as vezes que ele bateu dolorido e nem poucas as vezes que meu pulmão precisou ser enchido enquanto eu respirava fundo e seguia e frente. Obrigada por não me deixar passiva e indiferente em ralação ao que fomos, toda essas sensações boas e ruins me mostraram que eu ainda vivo a vida completamente. Seja ela colorida e feliz ou cinza e dor.


segunda-feira, 6 de maio de 2013

De um jeito ou de outro...



Acho que preciso de um vício novo pra poder dar um rumo na minha vida...

Nesses dias em que acordo tão animada e perco o foco durante o dia me sinto assim, precisando de um cigarro embora nem fume.
Ou qualquer outro vício que me faça parar o dia pra poder relaxar. Café não faz mais efeito, chá me dá uma preguiça enorme de fazer e nem sei mais o que ler para completar meu dia.

Preciso de uma massagem pra deixar o pescoço mais relaxado. Ou apenas um abraço daqueles bem longo que eu me perca nos braços da pessoa sem pressa e poder chorar todas essas lágrimas que estão presas e não querem sair. Ou eu não as deixo sair.

Não consigo mais programar meu dia direito, sempre falta coisa e animo pra fazer, enquanto as horas sobram ou faltam. Uma controvérsia diária que vou levando embalada por abraços. Abraços que me fazem acordar pela manha e seguir em prol do dia que vai ser longo, sabendo que valerão a pena. E fazem. Mas do outro lado dessa felicidade encontrada nos braços de outra pessoa, há sempre um comentário do tipo: 'estou sendo trocada' e bla bla bla.

Desculpa, mas isso não é verdade. Sabe quando você precisa de ares novos? Sair um dia com pessoas novas ou apenas fazer algo novo com pessoas antigas? Ou melhor! Sentar-se sozinha e poder deliciar-se com um livro ou uma musica? Pois é, preciso desse momento. Desse "taime".

Preciso as vezes receber um beliscão pra saber se estou acordada ou um puxão de orelha pra ir no caminho certo e é difícil admitir, mas apenas poucas pessoas sabem como me fazer reagir nessas situações. Não é me acusar de estar trocando outros amigos por novos amigos, não é receber beliscão pra ficar responsável e nem mandar criar vergonha na cara. São outras coisas que eu nem sei explicar...

A vida tá bem mais fácil agora (embora os dias quando se complicam equivalem a todos os outros dias tranquilos) e parece até pegadinha quando digo isso. Talvez tenha sido a pequena parada pra escrever/desabafar isso... Mas tá um pouco diferente ou não. Ainda não aprendi a organizar minha agenda, tá faltando muita gente pra eu poder rever e coragem pra fazer muita coisa. Muita coisa mesmo.

Mas quer saber? Acho que vou continuar perdida por ai até me achar. Cada um tem seu tempo e eu não sou diferente, né? Vou até criar coragem pra fazer aquele chá que me prometo a meses, mas só amanhã. Vou dormir pra acordar com um dia melhor... Vai que dá certo?

Ao som de Olly Murs - Army of Two (porque meu bundudo salva meus dias e noites, assim como um abraço sincero)

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Arroz


Texto escrito em homenagem a minha amiga Adriele:::::::::::::: FELIZ ANIVERSÁRIO


Esse texto chama-se arroz porque ele é básico, está nas coisas que mais gosto do mundo e me deixa feliz. Assim como você.

Zoa! Ele chama-se arroz devido a todas às vezes loucas que sentei na sua cozinha e conversamos sobre nos mesmas, sobre musica, seriados, roupas e garotos usando moletom ou não. O que me faz pensar que te conheço há uns dez anos, ou talvez um pouco mais, sendo mais específica desde aquela sexta série de 2001.

Tanta coisa aconteceu depois dessa data, onde houve tantas reviravoltas, risadas e algumas lágrimas (boas e ruins). Sabe amiga? Você é a amizade mais longa que tenho nessa minha vida de nerdizinha. Estranho pensar que acho que nunca fomos fazer compras juntas (correção, ontem fomos as compras), ou ao cinema e nunca compartilhamos todas as doses de emoção que uma balada pode nos trazer (será hoje talvez?). Mas estamos juntas de alguma forma: naquela banda/musica que você me apresentou, no banquinho de madeira que eu já considero meu de tanto eu me sentar nele, ou no gosto para garotos (agora mudou um pouco) ou ainda ouvirmos uma musica que é abertura de seriado e lembrar que já gostávamos antes de virar modinha.

E falando de moda: meu modelo fashion numero um. Minha referência para coisas estilosas, bandas indies e garotos que sabem se vestir. Foi loura, morena, tenta ser ruiva, usa franjinha, usou franjão, cachinhos e escovinha. Jeans, Melissa, salto alto e All Star branco com direito a listra vermelha porque sem ela não tem graça. Era fashion na escola enquanto eu passava mais horas na biblioteca que qualquer coisa. Li mais livros que você, você foi pra mais baladas que eu e ainda assim te sinto próxima independente do tempo que passamos sem nos ver.

Tanta historia vivida como: aquela paralisia facial da minha parte (e todas as confusões que ela pode ter me trazido), ir pra igreja e ficar no estacionamento (vish), pesquisar a vida das pessoas no antigo Orkut, ficar chorando vendo seriado ou apenas rindo na sua cama quando achamos aquele desenho do Ryan feito por você. Tem as piadas bobas como sorriso amarelo, a pose do meu pai ‘como uma deusa’ ou as loucuras da minha mãe. Algumas acompanhadas de um jantar com meu prato preferido: arroz (*------*) ou apenas nos duas rindo. Musicas divididas e lágrimas derramadas pelas historias que elas cantam.

Tem os momentos de sonho que incluem viagens para conhecer o mundo, shows que iremos, roupas que usaremos, garotos que iremos namorar e nossos trabalhos onde sempre estaremos bem vestidas, dirigindo carros legais e conhecendo os garotos mais lindos do mundo. Como é bom dividir isso com você ou apenas poder rir sem se preocupar em ser extremamente boba. Assim é nossa amizade.

Nunca próxima demais nesse seu ciclo enorme de cults de Brasília enquanto fico no meu mundinho de boybands, livros e Batman. Mas esse deve ser o segredo da nossa amizade que dura esse tempo todo. É pode chegar na sua casa, abrir o portão e ser bem recebida. Fazer um carinho no seu cachorro até que ele pare de latir pra enfim poder receber seu abraço. É não tomar café aí e poder comer arroz. É colocar no Disney Channel enquanto você edita algum trabalho pra faculdade enquanto se distrai com qualquer outra coisa. Ouvir você falar que não tem roupa enquanto apenas não sabe o que combinar no dia ou apenas passar pra dizer um oi enquanto você coloca um salto pra sair e eu corro pra casa pra ver um filme de super herói. É ser Batman enquanto você é Katy Perry, é admirar o mundo uma da outra e ajudar sempre que der. Assim é amizade, assim somos nos duas.

Sabe quando eu te disse que te amava? Não estava mentindo. E nessa data tão especial (seu aniversário) eu desejo que a estrela mais brilhante do universo inteiro brilhe te desejando os parabéns e iluminando a realização dos seus sonhos, de todos eles. Minha amiga mais que linda e especial, se cuida tá? Te quero bem hoje e sempre.

Um FELIZ ANIVERSÁRIO E TUUUUDO DE BOM MESMO <33

Ao som de: Chris August – Stranger
Texto escrito originalmente em 17 de janeiro de 2012, quinta feira

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

O que levo de 2012




Escrevo esse texto já com os pés em 2013, enquanto pauso minha ‘To do List 2013’ e fico refletindo o que mudou nesse ano que se passou. Eu sei que fiz muita besteira, não dei a oportunidade que algumas pessoas precisavam ou que eu mesma não agarrei o que queria. Machuquei pessoas, fui ferida e até esquecida. Por defesa ou hábito acabei fazendo o mesmo com algumas pessoas e eu espero que os erros aprendidos me impeçam de ser tola nesse ano que acaba de entrar...

Mas teve tanta coisa boa! Teve aquele sushi na Asa Sul e todos os outros, teve as boates, teve a Taberna Medieval, teve o Lual do Moretti, teve meu aniversário e a maratona pra cumprir minha agenda só pra ver meus amigos, teve são João do Cerrado, teve Templo Budista (com mais altos do que baixos esse ano), teve pessoas que eu conheci e amo muito já, teve gente que entrou na minha vida novamente, teve Clube do Livro e tudo o que ele me proporcionou, teve saídas pro Parque da Cidade, prés de cinema, cinemas, escadas e muitos cafés.

Teve os amores perdidos e encontrados nessa cidade, aquele flerte com alguém enquanto conversava ou esbarra num livro. Teve todas as livrarias que insistem em querer levar todo o pouco dinheiro que tenho, sem falar das bandas, musicas e boybands que definitivamente marcaram esse ano de 2012 passado.
E olha que vai ter mais esse ano. Os desejos não cumpridos do ano passado se misturam a lista desse ano. As viagens não feitas ainda estão sendo arquitetadas, assim como uma faculdade e uma tatuagem. Vou precisar de dinheiro...

Porém, sabe o que precisarei mesmo nesse ano novo? As coisas que tive nesse ano passado: todos esses amigos, esses abraços gostosos num curto espaço de tempo, livros novos, dormidas na Fortaleza da Solidão com direito a Bichento tacando a patinha em mim e cafés por vários lugares de Brasília. Amigos que venham me amar quando eu estiver usando moletom e que me levem um agrado por menor que seja. Poder comer cachorro quente com cenoura e tomar café na casa de um amigo só porque ele sabe que fico bem. Comprar xícaras novas ou aprender a dividir a saudade quando meu irmão se mudar de casa.

Ele começa vida nova esse ano e eu também. Quero entrar de cara na faculdade, absorver tudo que preciso pra ter certeza que escolhi o curso certo. Já prevejo minha ausência da vida de muitos de vocês, mil desculpas antecipadas. Estarei tentando crescer e ser feliz, mais ainda lembrarei de todos vocês: que moram na minha rua, que me fazem chorar ou morrer de rir, que me fizeram apaixonar e ser amada. Que são amigos, amigas, bff, irmãs e pokémons. Que tem uma banda imaginária comigo e que um dia receberão cartas minhas enviadas de países de vários lugares do mundo.

Enquanto nada disso acontece tomo minha xícara de café matinal (ou vespertina) ou até mesmo chá e sorrio agradecendo a esse maravilhoso que tive. E um especial a minha mãe, pai e irmão que me mostraram quanto essa família é especial e louca. Pode não parecer, mas amo-os acima de tudo <33

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Mais um conto de Natal



Eu tinha minhas próprias convicções sobre o natal e algumas delas me diziam que eu não gostava mesmo dessa data. Talvez fosse o fato de apenas nessa data toda a cidade resolvesse ser boazinha com os órfãos da cidade, inclusive a mim. Era hipocrisia demais. Ou fosse o fato que foi num natal que me apaixonei por Mary Elisabeth Rosen.

Ela era a personificação da noite e do meu medo. Olhos brilhantes como uma estrela e os cabelos tão negros como a noite mais escura do planeta. Meu medo maior era sua riqueza que me afastava dela embora tivéssemos corrido pelo orfanato inteiro rindo naquele dia 25, como se ela fosse uma de nós. Ela era tão rica que acho que suas doações mensais poderiam manter nosso orfanato vivo sem esforço nenhum. Eu havia tomado ódio por aquela data onde ela sorriu e me beijou na bochecha dizendo que nunca me esqueceria enquanto corria pro pai que a esperava na porta da limusine. E ela partiu me deixando ali sozinho, odiando o calor do beijo dela e os flocos de neve que sempre se amontoavam naquela data.

Anos depois eu estava nessa cidade, de volta ao que seria meu lar. Agora um recém formado operador de sistemas com um emprego na Apple e um velho suéter usado e remendado de estimação. Presente de alguém que nunca soube quem era. Ando de bicicleta pela rua que já acumula alguns centímetros de neve, embora não esteja nevando agora, enquanto me dirijo a ultima entrega do dia. Falta cerca de uma hora para meia noite e estou levando alguns doces, queijos, uvas e vinho para a casa no fim da Rua Alfred. Estava quebrando um galho pro velho John dono da mercearia da cidade e aproveitando e revendo alguns amigos antigos. Depois dessa encomenda voltaria ao orfanato onde brincaria com as crianças e seus presentes recém abertos, passaria mais uns dias na cidade e iria embora para sempre dali. Esse era o plano. Mas ele não funcionaria, eu percebi isso na hora que abri o portão do endereço e vi escrito Rosen na caixinha do correio.

- Ela não está em casa. Ela não está em casa. Ela não está em casa. Ela não está em casa. Ela não está em casa. – eu falava baixo sabendo que rever meu amor de infância acabaria com meus planos de esquecer a cidade. Mas ela estava.

Abriu a porta usando meias pretas escuras, sapatilha, uma combinação de saia com pregas e uma blusa vermelha, além do gorro de papai Noel. O cabelo negro estava curto agora e em cachos, mas os olhos brilharam quando abriram a porta.

- Jeremy? – ela falou abrindo completamente a porta. – Pelas renas do papai Noel! Jeremy Wenber!
Eu não sabia que reação era aquela, na verdade não entendi se era uma pegadinha até que ela pulou em mim, me agarrando pelo pescoço, me fazendo absorver seu perfume de forma rápida e inesperada me inebriando completamente. Até que acordei do susto e pude abraça-la já que ela permanecia ali, como se sentisse minha falta.

- Jeremy! Por onde você andou? – ela falou me soltando e me olhando. – Cheguei na cidade e fui te procurar e todos falaram que você tinha sumido no mundo! Entra, entra!

Ela tirou as sacolas da minha mão, colocou no chão e correu para guardar a bicicleta na varanda, fechou o portão, pegou as sacolas e foi me empurrando para dentro da casa dela sorrindo, enquanto perguntava da minha vida. Havia barulho ali mais a frente, mas fui direcionado a cozinha dela onde ela começou a guardar as coisas enquanto continuava com o questionário sobre a minha vida.

- E você? – eu perguntei quando ela guardou tudo e parou sentando-se a minha frente em cima da bancada.
- Sou formada em administração, acredita? Sou eu que gerencio as doações pro orfanato e os ajudo nas contas, mesmo a distância. Acho que fazer contas em papel e lápis com meu pai acabou me agradando mesmo. Tenho uma tatuagem em homenagem a Back to The Future e vou trabalhar em NY quando o ano novo começar. Sem namorados, sem carro, sem drogas e ainda planejando visitar as pirâmides do Egito. – ela falou dando de ombros.

- Você não mudou muito então... – eu falei percebendo que embaixo daquela garota com roupas de marca e um olhar de quem sabia o que estava fazendo ainda havia aquela garota que se encantava com flocos de neve.

E aquilo doeu bastante, como se tivessem furado meu coração com mil agulhas grossas e de ponta afiada. Eu ainda amava-a, com todas as forças que meu coração podia ter. Ela era a razão de eu querer ser o melhor em qualquer coisa para poder bater na porta do pai dela e dizer que eu podia dar um futuro pra ela, mas isso era bobagem. Eu nunca cheguei a falar com o pai dela de fato. Não até ele entrar na cozinha.
Ele parou o que estava fazendo e me olhou, reparou no meu suéter velho e desbotado e sorriu. Sorriu de verdade.

- Garoto eu nunca esqueço um rosto, e por incrível que parece nunca esqueço uma roupa também. Principalmente quando ela foi minha. – ele fez um carinho em Mary Elisabeth que sorriu feliz. – Esse suéter era meu, sempre gostei dele. O doei há anos atrás para o orfanato da cidade quando minha barriga simplesmente não entrava nele. – ele apontou pra barriga que estava grande e riu.
Acabei rindo também, algo que me pareceu estranho depois que o fiz.

- Rosen pai. – ele falou. – Mas todos me chama de Wilbert, o barrigudo.

- Jeremy Wenber, antigo morador do orfanato e agora indo morar em NY. – eu falei.
- Calma garoto. – ele disse. – Não estamos o acusando aqui e nem querendo saber se cresceu na vida, todos sabem disso. Mary daqui a pouco vai te chamar de Bruce Wayne, o órfão prodígio de Gothan City. – ele falou fazendo Mary Elisabeth ficar vermelha. - Fica pro jantar, sua companhia vai ser muito agradável.

As palavras dele foram carinhosas e eu fiquei confuso me perguntando se o mundo estava de cabeça pra baixo. Um garoto entrou correndo e pulou no colo do pai de Mary fazendo ele sorrir ainda mais. Ele era negro, magro e com olhos claros. Com certeza não era um Rosen de sangue. Ele me olhou por cima do ombro dele, olhou pra Elisabeth e depois fechou a cara.

- Papai, papai? Porque Mary Elisabeth está namorando na cozinha? – ele disse.

Papai? Eu me perguntei confuso.

- Não estou namorando na cozinha George. – Mary disse, mas piscou pra mim.

- PAI! Ela piscou pra ele! Eu vi! – ele falou jogando suas perninhas no chão, descendo e puxando uma cadeira onde subiu para ficar na minha altura. – Eu sei o que você está pensando. Só porque sou adotado e novato nessa família não quer dizer que não possa agir como irmão da Mary. Não quero beijos na sala, ficar de mãos dadas é permitido e nada de ficarem sozinhos. – ele desceu da cadeira e foi puxando o pai dele para a sala. – Estou de olho em você moleque de olhos azuis.


- Jeremy, esse foi meu irmão George. Meu pai o adotou há uns nove meses e ele já manda mais aqui do que Peter. – ela disse descendo da bancada onde estava sentada.
- Quem é Peter?

- Peter é meu irmão mais velho, também adotado. Agora fora ele que está na sala com todos, você só não conhece o cachorro Magrelo do George, um vira lata preguiçoso e brincalhão. – ela disse se aproximando de mim.

Eu sorri pensando em como a família Rosen era diferente do que eu imaginava. Não havia nada de preconceitos neles ou egoísmo. Era uma família bem mista e divertida eu deduzi ouvindo os latidos de Magrelo na sala e as risadas que estavam sempre ao fundo. Virei meus olhos para comentar algo, mas Mary Elisabeth estava na minha frente parada.

- O que foi? – eu perguntei confuso.

- Nada, apenas senti sua falta. – ela falou coçando o braço.

- Também senti sua falta. – eu falei admitindo a verdade após anos. – Se você não estiver muito ocupada por NY podemos sair e conversar, não conheço ninguém na cidade.

Ela deu um sorriso enorme, como se de repente tivesse percebido que havia ganhado o melhor presente de Natal da vida.

- Papai mandou dizer que vai servir a ceia. – George falou entrando na sala com seus olhos acusadores por eu estar supostamente namorando a irmã dele.

- Certo. – eu falei seguido por Mary Elisabeth.

Entramos na sala onde Mary me apresentou a todos os presentes ali: mãe, avós, tios, primos e alguns vizinhos. Havia sem sombra de duvida umas trinta pessoas ali, espalhadas em mesas menores até que nos sentamos na mesa central onde fiquei do lado do irmão dela, o Peter que me elogiou por ter um colar de O Senhor dos Anéis. Era surreal estar ali, como se eu fizesse parte daquela família. Fiquei pensando naquilo por alguns segundos até que Mary Elisabeth apertou minha mão por baixo da mesa dizendo que eu tinha que fazer um pequeno agradecimento antes de comermos.

- Eu queria agradecer a vida que foi bastante dura comiga me fazendo apreciar e reconhecer muitos valores e acima de tudo a admitir quando estava errado num conceito. – eu falei conseguindo a atenção de todos ali, mesmo sem querer. – E a Mary Elisabeth que com apenas um sorriso me fez acreditar na magia do natal...

- Eu não disse que eles estavam namorando! – George acusou-me na mesa das crianças fazendo todos me olharem e então começarem a rir.

Eu olhei pro lado, onde Mary Elisabeth ainda segurava minha mão por baixo da mesa, com as bochechas em fogo, mas sorrindo. Soube naquele momento que natal era mais do que presentes e doações a orfanatos, era agradecer a todos as coisas boas que tínhamos na vida. Podia ser ela que havia feito eu perceber isso naquele momento,não importava tanto.

Pela primeira vez na vida eu disse Feliz Natal desejando que ele fosse bom de verdade. E sabia que estava sendo...

Feliz Natal a você que passou por aqui <3



sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Então me liga mesmo, hein?



Acho inusitado como Call me Maybe de Carly Rae Jepsen tornou-se um hino para algumas pessoas. O clipe da garota corajosa que entrega seu numero de telefone para um garoto é o desejo mais secreto de muitas meninas, aquelas que ficam sentadas olhando o garoto dos sonhos dela enquanto ele passa e nem dizem oi. Compreensivo esse momento em que estacamos e nem sabemos por que. Timidez deveria ser proibida em alguns casos.

Não sou tímida, acho que nunca fui. Culpem meu lado geminiano sem erro ou a mania de enturmar com as pessoas. Não sei. Mas ao menos alguma vez, ou melhor, nesse momento eu gostaria de ser a garota que em vez de dar o numero de celular receberia o dele num papel com letra tremida de nervosismo. Ou que me pararia no meio da fila do McDonalds para pedir meu numero. É essa pessoa que procuro.

Se tenho problema com garotas que tomam as atitudes? JAMAIS! Sou até uma dessas. Mas nesse momento onde o romantismo me cerca de formas tão diferentes me vejo pensando e imaginado o dia em o garoto que puxou papo comigo enquanto íamos beber água me encontra na rua e pede alguma rede social minha. Ou até mesmo naquele carinha que sempre vejo quando chego em casa, bem que ele podia descer do carro e dessa vez perguntar o que eu sempre faço na porta da minha casa depois das 22h. E cabum! Eu poderia dizer ao mundo que estaria mais feliz se ele ou algum deles tomassem essa atitude.

Talvez nessa época em que a mulher é tão decidida o homem acabe hesitando e fique esperando ser chamado para sair. Saudades daquele tempo em que não vivi em que ele tremeria tanto ao te chamar pra sair que você já teria vontade de beijá-lo ali mesmo, só pelo nervosismo dele ser charmoso. E que acabaria pegando a sua roupa mais feminina do guarda-roupa só pra ele ver que você seria uma boa garota.

Deve ser por isso que gosto tanto de Grease. Tá, admito que ainda comprarei uma jaqueta de couro escrita T Birds e sairei por ai desfilando com ela e sendo muito mais do que feliz enquanto canto ‘Greased Lighting’ no meu carro. Mas fora meus devaneios de querer ser menino, gosto particularmente de Sandy usando um collant preto e um cigarro nos dedos, mostrando que pode ser muito mais que aquela garota boazinha. Pode ser uma Sandy má, ou melhor, uma Sandy poderosa.

Digam olá para a Sandy Poderosa, é o que penso quando ela entra em cena pronta para brilhar. Observo seu cabelo, seu sorriso e seu rebolado sensual e me visualizo ali, no corpo dela. É uma sensação maravilhosa a desse momento e é nela que penso toda vez que ouço You’re The One That I Want: nessa Sandy poderosa e no que ela sente. Sabe garoto, eu sou um pouco da Sandy boazinha, mas também sou um pouco de Sandy poderosa...

Queria mesmo que fosse assim: quando eu não estivesse esperando eu fosse surpreendida com um pedido de encontro ou uma solicitação numa rede social e até mesmo uma menção inusitada. Pode rir, você acaba de descobrir que sou um pouco romântica. Queria que se repetisse mais momentos como aquele numa terça onde me contorcia de cólica e ganhei uma pastilha de menta pra sorrir. O gesto foi tão inusitado pra mim que acabei escrevendo ‘obrigada’ na folha de papel dele, e ele escreveu ‘de nada’ na minha. Fiquei ali parada por alguns segundos observando o detalhe da cena, a cor do olho dele e o tamanho do cílio, naquele desejo súbito de ser feliz e sabendo que tinha conseguido.

Então, vamos fazer um acordo. Deixa o tempo levar o que tem de bom pro meu mar de sonhos e caso eu tenha meu numero de telefone solicitado por um desconhecido espero que ele ligue, mas ligue mesmo. Porque vai que desisto de ser a Sandy boazinha e resolvo ser a outra Sandy? Porque você sabe que não posso ter te escolhido pra ser meu John Travolta do dia...


Para ouvir do que estou falando:

:)

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Amou antes de tudo




Ele gostou dela no primeiro momento em que a viu. Naquela festa que ele foi convidado pelo melhor amigo e que uns meses depois ele acabaria beijando-a. Ele gostou dela mesmo quando o melhor amigo falou que pensava nela, embora tivesse partido e nunca mais voltaria. E ele continuou gostando dela mesmo quando ela se envolveu com outro garoto, mesmo quando ela começou a gostar de alguém e esse alguém não retribuiu.

Não hesitou em chamá-la para uma festa mesmo sabendo que ele seria a sua única companhia já que ela não podia levar ninguém e ficou satisfeito quando ela aceitou. Ficou feliz quando ela apareceu na porta da casa dela usando rabo de cavalo e sapatilha, mesmo assim estava mais linda do que todas aquelas outras garotas de salto e vestido colado.

Estranhou quando ela sumiu e ficou confuso quando a encontrou sentada no sótão da festa folheando um livro antigo. Sorriu quando ela sorriu pra ele sentar-se ao lado dela. E agradeceu aos céus quando ele teve coragem de beijá-la e ela não se esquivou.

Mas ele a queria, embora soubesse que ela hesitava quando o assunto era ele. E ele a fez desejá-lo antes mesmo de colocar sua língua em lugares nunca visitados e um pouco antes deles serem um. Ele segurou seu rosto antes de encontrar o paraíso e disse que a amava. Não pode ver a sua reação, pois fugiram de mãos dadas e cúmplices quando alguém apareceu procurando-os pelo sótão. Subiram para o telhado e ele teve vontade de segurar sua mão. Mas ela as mantinha nos braços, os aquecendo. E então vestiu sua jaqueta colegial nela, embora nunca tivesse sido um astro de futebol americano na escola.

Ela foi embora, deixando ele ali sozinho sem saber se mandava uma sms ou ligava no dia seguinte. Passou uma semana até ter coragem de ir encontrar ela numa livraria com os amigos. Ficou vermelho de fúria quando a viu nos braços de outro cara, mas ficou vermelho de vergonha quando ela o apresentou ao irmão dela.

Pensou em segurar as mãos dela enquanto ficava ao lado dela e dos amigos barulhentos, mas ficou satisfeito quando ela apoiou sua cabeça no ombro dele. E ganhou o dia quando na encenação de teatro eles se beijaram. E sorriu quando ganho o livro no sorteio e percebeu que amava-a de verdade quando ela o beijou após ter ganhado o livro de presente dele.

Vestiu a jaqueta de couro nela, percebendo que mesmo folgada a deixava incrivelmente sexy. A beijou novamente na frente dos amigos dela enquanto levava na brincadeira as piadas deles. Foram para a casa dela juntos, conversando sobre coisas diversas e a deixar descer na parada da casa dela sozinha foi a coisa mais difícil daquele dia.

Mas teve os outros dias. Quando os amigos dela viraram seus amigos. Quando ela tornou-se a garota dele naquele pedido de namoro no meio de um parque. Quando os pais dele aprovaram-na e quando ele tremia tanto que derramou suco no chão da casa dela fazendo o pai dela ter uma impressão errada e a mãe dela ter que se ajoelhar e limpar o chão. Mas descobriu que na verdade foi o irmão dela que moldou o gosto musical dela, assim como o gosto para filmes. E na terceira vez que foi visitá-la ficou feliz por poder dormir lá caso fosse preciso. Negou o convite e voltou pra casa de táxi, sabendo que os cinquenta reais gastos tinha valido pontos com o pai dela.

Ela nunca disse que o amava. Nem quando ele a acompanhou ao show da banda preferida dela e ele teve que ouvir por duas horas o nome de outro cara saindo da boca dela seguido com as palavras ‘te amo’. Não se incomodou quando ela viajou sozinha com novos amigos e nem se importou muito quando ela pediu um tempo.

Sofreu sozinho. Mas quando ela voltou, ela estava completa. Fizeram amor com calma, como deveria ter sido desde a primeira vez. Mas dessa vez foi ela que segurou o rosto dele e disse que o amava. E ele se sentiu completo e infinito. Conseguia ver ambos juntos em todos os lados e assim foi e assim seria se ele tivesse tido coragem para chama-la para aquela festa. Mas ele não teve. E ela acabou casando com outra pessoa, embora ele fosse a pessoa certa pra ela.